A HISTÓRIA DO JAPÃO
ETIMOLOGIA:
Muita obscuridade envolve a origem do povo japonês. A população primitiva, embora muito esparsa, parece ter pertencido integralmente ao povo “Ainu”. Provavelmente veio do norte (há uma divergência quanto a esta opinião) do continente asiático, e, durante o seu isolamento, constituíu a cultura Jomon onde se verifica, através das pesquisas arqueológicas, surpreendente variedade de atividades e produções.
Ao sair do isolamento, esse povo foi conquistado por outros imigrantes mais poderosos e desenvolvidos vindos do sul, trazendo a cultura Yayoi. A grande parte dos “Ainu” aceitou a subordinação e se integrou a estes invasores, e da fusão destas duas raças descendem os japoneses de hoje. Esta é, pois a primeira transformação marcante da história japonesa.
As tribos mais refratárias dos “Ainu” foram encurraladas para o norte, até se fixarem na ilha de Hokkaido e Sakhalin e encontram-se em fase de extinção. São de pequena estatura e fortes, com longos cabelos e barbas. Sua língua é bastante diversa da língua japonesa e se vestem com roupas feitas de cascas de árvores. Em geral são calmos e simples. Vivem da caça e pesca. Adoram o deus da montanha e o urso que sacrificam a cada ano em grande solenidade. Acreditam em gênios bons e maus e veneram muitas das divindades do Japão.
DIVISÃO GERAL:
A História do Japão é dividida naturalmente em cinco períodos principais: O primeiro (período autocrático) que se estende da fundação do império ao xogunato de Kamakura, abarca dezoito séculos (660AC~1192DC) durante os quais a autoridade esteve nas mãos do Imperador. O segundo período começa com o xogunato de Minamoto (1192) e termina com o xogunato de Tokugawa (1868). O terceiro período, que se inicia com a Restauração Imperial, testemunha a completa alteração das instituições seculares, a europeização da administração e a transformação do Japão num dos grandes países do mundo, culminando com a vitória sobre a Rússia (1905). O quarto período compreende a fase imperialista e só termina com a derrota na Segunda Guerra Mundial (1945). Finalmente o quinto período inicia-se com a reconstrução do país, a democratização e a figura do imperador relegada a um símbolo e não mais uma divindade; o grande desenvolvimento econômico e a retomada da condição de um dos países mais desenvolvidos do planeta, porém com problemas quase insolúveis para o futuro.
PERÍODO AUTOCRÁTICO (660AC~1192DC)
De acordo com a tradição japonesa, uma tribo provavelmente originária da Malásia avançou rumo norte no VII século AC e, após anos de guerras, se estabeleceu na região de Yamato. Hasamu-no-mikoto, o chefe daqueles aventureiros, tornou-se o primeiro Imperador do Japão (Jimmu-Tenno). Sua entronização ocorrida em 660 AC é considerada a data da fundação do império e o início da dinastia que dura mais de vinte e seis séculos.
Após um hiato de 500 anos, encontramos um vago traço de civilização durante os reinos de Sujin (97AC~30AC) e Suinin (29AC~70DC). Logo a seguir vem a famosa lenda do herói Yamato Takeru (131~190). Seu filho permaneceu no trono brevemente (192~200), sendo sucedido pela viúva, a imperatriz Jingo a partir de 201. As crônicas japonesas atribuem a ela a conquista de três pequenos reinos que se encontravam ao sul da Coréia. Jingo foi sucedida pelo filho Ojin que governou até 310. Durante o seu reino, dois eruditos coreanos Ajiki e Wani chegaram ao Japão, trazendo a literatura Chinesa e o Confucionismo (285). Filho de Ojin, Nintoku, governou por 87 anos (313~399). Durante o seu reino o país permaneceu pacífico, porém, após a sua morte, cenas sangrentas se multiplicaram na família imperial, até serem exterminados todos os descendentes imperiais diretos. Um ramo longínquo de seus descendentes subiu ao trono. Em 552, sob a quarta soberania desse ramo, Kimmei, foi introduzido o Budismo pelos sacerdotes coreanos. A entrada do Budismo trouxe alterações radicais nas idéias e nos costumes. O Príncipe Shotoku (573~621) favoreceu o seu progresso, mas foi o Imperador Kotoku (645~654) quem, pela sua famosa reforma da era Taika, realizou grande revolução política e religiosa que transformou o Japão.
Tudo foi modelado de acordo com a estrutura chinesa de governo, e salvo pequenas modificações, permaneceu assim até a Restauração Imperial (1868). No século seguinte a Imperatriz Gemmei (708~714) transferiu a capital para Nara, onde esta permaneceu por 75 anos (708~785). O qüinquagésimo Imperador Kammu (782~805), construiu a cidade de Kyoto (794), que se transformou na residência da corte até a Restauração Imperial. O clã Fujiwara então se tornou proeminente. Exercia a regência (Sessho) durante a menoridade do soberano, e, então, sob o título de Kanpaku continuou a governar mesmo após a maioridade do Imperador. Entretanto, os nobres efeminados do palácio negligenciaram a carreira das armas e se dedicavam a passatempos frívolos. Por causa da decadência da autoridade imperial, ocorriam freqüentes revoltas que a corte era incapaz de reprimir. Solicitaram, então, auxílio aos clãs militares. As forças destes clãs se tornaram cada vez mais formidáveis, especialmente as duas famílias: Taira e Minamoto. Ambas desejavam o domínio preponderante do poder, e, por 35 anos, lutaram em batalhas sangrentas. Finalmente os Minamoto venceram e aniquilaram completamente os adversários (1185). O vitorioso Yoritomo Minamoto elevou então ao trono uma criança de 4 anos e assumiu o título de Sei-i-Daixogun. Era a inauguração do Feudalismo.